Ana Medeiros e Hiroshi Nishiyama apresentam “A Música Não Tocada” em parceria com o músico uruguaio Jorge Peña


Após uma temporada viajando pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, onde ministraram mais de 48 horas de workshops em prestigiados espaços de dança, os bailarinos Ana Medeiros e Hiroshi Nishiyama voltam a Porto Alegre com um novo projeto já pronto para a apreciação do público gaúcho. É “A Música Não Tocada”, apresentação de butoh idealizada em parceria com o músico uruguaio Jorge Peña que será realizada nos dias 1 e 2 de dezembro, a partir das 20h, no MEME Santo de Casa Estação Cultural.

Pioneiros no ensino de butoh no Rio Grande do Sul, Ana Medeiros e Hiroshi Nishiyama levam para “A Música Não Tocada” toda a experiência e sensibilidade acumuladas em  residências artísticas com o bailarino japonês Yoshito Ohno, filho do precursor do butoh Kazuo Ohno. Nishiyama, que nasceu no Japão e recentemente se radicou no Brasil, dançou durante mais de 20 anos com Yoshito, enquanto Ana já fez quatro imersões no Japão para estudar e dançar ao lado do grande mestre.

Em “A Música Não Tocada”, Ana e Nishiyama exploram aquilo que no Japão se chama “Ma”: o silêncio, e o intervalo em relação ao tempo e ao espaço. Segundo as tradições religiosas japonesas, para o sagrado entrar é preciso “Ma” estar presente, quase como abrindo um portal entre um mundo e outro. É mergulhando nesse universo que os bailarinos exploram as seguintes questões: o que habita o silêncio? E o que incorpora o vazio? 

A apresentação traz como elemento primordial de seu conceito artístico as texturas musicais do uruguaio Jorge Peña, cuja trajetória de mais de 30 anos no meio cultural inclui colaborações com Mercedes Sosa, Grupo Ornitorrinco, Letícia Sekito José Possi Neto, Orquestra Mediterrânea, entre outros. Em 2017, Peña venceu o Prêmio Açorianos pela trilha sonora que assinou junto a Duda Cunha para o espetáculo “O Sentido Se Sente Com o Corpo”.

Segundo Ana, a concepção de “A Música Não Tocada” só passou a ganhar sentido a partir do contato com as criações de Peña. “O butoh parte do silêncio, do esvaziamento e desse espaço que muitas vezes é aberto pelo intervalo entre um mundo e outro. As texturas que o Jorge criou para essa apresentação conduzem a nossa dança através de um caminho ancestral e de um universo muito particular. Toda a concepção desse projeto passou por uma troca artística muito intensa, e estamos realmente realizados por contar com todo o talento, a sensibilidade e a criatividade de alguém como o Jorge nesse nosso trabalho”, conta Ana.


SOBRE O BUTOH SEGUNDO YOSHITO OHNO


Para Ohno, butoh é dançar a existência e estar em contato direto com o mundo a nossa volta: as violências, as tragédias. É também encontrar a humanidade e "se revelar como uma flor, como a natureza e seus ciclos". No Butoh de Yoshito Ohno se encontra o silêncio e se percebe o corpo criando e trazendo lugares e memórias à tona — se faz muito menos externamente. Os pés encontrando o chão marcam o tempo e trilham histórias milenares, no contato de cada partícula de pele com cada milímetro de solo.

SOBRE JORGE PEÑA


Uruguaio radicado no Brasil, é fotógrafo, percussionista e sonoplasta. Há mais de 30 anos desenvolve texturas e paisagens sonoras para dança e teatro, em espetáculos como “O Doente Imaginário” e “Sonho de uma Noite de Verão”, do Grupo Ornitorrinco; “Instantâneo” e “Corpo Plástico”, performances criadas em parceria coma coreógrafa e dançarina Letícia Sekito; e “Salomé”, criação multimídia de José Possi Neto. Na música, acompanhou grandes nomes como Mercedes Sosa e participa de grupos experimentais como Ñande Ru, Amálgama e Orquestra Mediterrânea.


SERVIÇO

“A Música Não Tocada”, de Ana Medeiros, Hiroshi Nishiyama e Jorge Peña
No MEME Santo de Casa Estação Cultural (Rua Lopo Gonçalves, 176 – Cidade Baixa)
Dias 1 e 2 de dezembro, às 20h
Ingressos no local a R$ 40, com meia entrada para classe artística, estudantes e pessoas acima de 60 anos
Mais informações pelos telefones (51) 30192595 e (51) 98257002 ou pelo e-mail centromeme@centromeme.com.br