Após imersão no Japão, Ana Medeiros apresenta o espetáculo "Caminhos Pelos Quais" no Instituto Ling

Para a bailarina e coreógrafa gaúcha Ana Medeiros, estar em contato direto com as origens de qualquer dança é fundamental para o crescimento artístico e pessoal de todo profissional da área. Ana seguiu essa ideia à risca ao longo de sua prolífera carreira: além de viver 23 anos em Nova York, onde se especializou em dança moderna na prestigiada Martha Graham School of Contemporary Dance, a bailarina ainda coreografou e subiu aos palcos de países como França, Holanda e, claro, o próprio Brasil. 

Em maio deste ano, embarcou em uma nova imersão: dessa vez, no Japão, onde, pela terceira vez, passou uma temporada com Yoshito Ohno, mestre do Butoh, dança que hoje leciona com exclusividade em Porto Alegre e a qual dedica seus estudos e trabalhos desde janeiro de 2015. Retornando às terras brasileiras em agosto, ela coloca no palco todo o seu contato com o mundo oriental e com as raízes do Butoh e um de seus bailarinos mais lendários. O resultado desse trabalho poderá ser conferido no espetáculo "Caminhos Pelos Quais", que será apresentado no Instituto Ling nos dias 11 e 12 de agosto, às 20h.

Dançar Butoh é, para Ana, dançar a interioridade da alma. "Nessa dança, não existe o virtuosismo físico de grandes passos, nem a velocidade estonteante de um corpo a se mover no espaço. Ao contrário: no Butoh, a dança nasce de dentro da célula quase imperceptível. O virtuosismo dele se dá na metamorfose destes estados e nas transições internas que o dançarino experimenta transpondo seu corpo", reflete a bailarina. Pioneira no estudo e na prática da dança japonesa na capital, Ana trabalha o Butoh com aulas regulares e workshops, mas agora se prepara para uma experiência inteiramente nova no Instituto Ling, onde apresenta o espetáculo que idealizou no Japão junto a Yoshito Ohno, bailarino que dançou naquela que é considerada a primeira apresentação de Butoh da história: "Kinjiki (Cores Proibidas)", dirigido e coreografado por Tatsumi Hijikata, artista que fez história como um dos precursores da dança ao lado de Kazuo Ohno.

Em "Caminhos Pelos Quais", Ana Medeiros traz para o Brasil um espetáculo que é fruto de suas "escavações" com Yoshito no caminho do Butoh. "Trago comigo o corpo que encontro no Japão e que é resultado de todos os caminhos que trilhei. Yoshito Ohno diz que o Butoh acontece em três tempos: dançamos no presente, damos voz ao passado e caminhamos rumo ao futuro. Neste espetáculo, trago a minha visão para os muitos estados do corpo, passamos pela água, o vento, o fogo, a pedra. Tudo isso esta enraizado na devoção milenar que a cultura japonesa preza por todos os fenômenos da natureza. O corpo daquele que dança Butoh vai se transformando, trazendo em si percepções que condensam a beleza da flor, o canto dos pássaros, o barulho do vento", conta a bailarina. 



Os figurinos assinados por Vanessa Berg e pelo Kazuo Ohno Dance Studio fizeram parte de algumas das obras de Kazuo e Yoshito Ohno, sendo presenteados especialmente para realização do espetáculo de Ana. Na trilha sonora, clássicos de Rachmaninoff, Bach e Édith Piaf embalam a viagem interior de Ana Medeiros no palco. “Caminhos Pelos Quais” ainda conta com uma participação para lá de especial: a de Hiroshi Nishiyama, bailarino convidado que, durante mais de 20 anos, estudou e dança Butoh com Kazuo e Yoshito Ohno.

Workshop
Além das apresentações, Ana ministrará um workshop, também no Instituto Ling, sobre princípios de Butoh, compartilhando não só a sua experiência na dança como os recentes aprendizados de sua intensa imersão no Japão. A atividade acontece dia 13 de agosto, das 14h às 18h, também no Instituto Ling. Mais informações no site www.anamedeiroscoreografia.blogspot.com.br ou em www.institutoling.org.br.

SERVIÇO
"Caminhos Pelos Quais", de Ana Medeiros
Dias 11 e 12 de agosto, às 20h
No Instituto Ling (rua João Caetano, 440 - Três Figueiras)
Ingressos a R$ 30 podem ser adquiridos em www.institutoling.com.br ou duas horas antes do espetáculo no local
Meia entrada para idosos, estudantes, pessoas com deficiência e membros da classe artística com registro no SATED